O 11 de Setembro que dividiu a América

Após 49 anos, golpe enseja debates e releituras

11 Setembro 2022 | Domingo 09h30

Os ensaios foram tragicamente orquestrados. Três anos antes, em outubro de 1970, o assassinato do comandante das Forças Armadas chilenas, general René Schneider, por um comando ultradireitista tentou inviabilizar a posse do socialista Salvador Allende na presidência. Falhou.
 
Em 1973, uma quartelada em junho provocou mais de 20 mortes, mas também bateu na trave. Setores leais à Constituição rechaçaram o golpe. No amanhecer do dia 11 de setembro, tanques do Exército cercaram o Palácio La Moneda, bombardeado por caças da Aeronáutica. Allende e o "socialismo democrático" sucumbiram.
 
Rever a violenta ruptura constitucional há 49 anos no Chile exige revisitar o continente em seu quadrante sul. O Congresso uruguaio tinha sido fechado em junho por Juan Maria Bordaberry e a Argentina cicatrizava as feridas do Massacre de Ezeiza no mesmo mês, assinalando a volta de Juan Perón.
 
O entorno era um breu político só. Brasil, Paraguai e Bolívia agonizavam em ditaduras militares. A tragédia chilena ceifou uma das mais sólidas democracias americanas ensejando debates e antagonismos ainda presentes no cenário internacional.
 
O documentário A Batalha do Chile, disponível em três capítulos no Youtube, faculta releituras igualmente multifacetadas. Ali estão conspiradores internos, interventores estrangeiros e as contradições de segmentos governistas para definir seus rumos.
 
Para minha geração, 1973 foi e será sempre um marco de luto e de largada. O ano, enfim, em que "tudo que está aí" começou.
 

 
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