A tragédia dos meninos do bairro São Cristóvão

Na conta, vidas que nem sempre seguem

05 Março 2021 | Sexta-feira 19h41

As Operações Carnaval das polícias rodoviárias acumulam estatísticas  dolorosas e a de março de 1973 abalou famílias de um único bairro de Criciúma, o São Cristóvão.

Retornando de Laguna num Fusquinha, quatro jovens dessa comunidade perderam a vida no choque com uma Rural na BR-101 na Estiva dos Pregos, hoje município de Capivari de Baixo.

Romário Marceneiro, o motorista, seu primo Djalma Biff, 23 anos, Antônio Otávio Bittencourt, o Toninho da Casa das Gaitas, 19, e Rubens Leandro, 17, faleceram no local. O motorista da Rural, Mário Gonçalves, foi atendido no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, e sofreu fraturas nas pernas e nos braços.

As informações são da edição de 10 de março do semanário Tribuna Criciumense. Romário residia fora de Criciúma. A placa do Fusca era de Gravataí (RS) e ele passava o feriadão na casa do primo. No São Cristóvão, residiam também os amigos. 

Os velórios de Toninho e Rubens foram realizados nas suas residências. Já o de Djalma, recorda o colunista Sérgio Martins, o Pinduka, no "bar do seu pai, o Seu Mário". Os tradicionais atos de encomendação, segundo a Tribuna, ocorreram na capela com sepultamento no mesmo dia.

"Tínhamos tocado naquela noite no Orleans Tênis Clube", lembra hoje o veterano músico Luiz Paulo Florentino, da banda Carbocap Som e colega de Toninho na Casa das Gaitas. "Pegamos um táxi para chegar a tempo no velório."

"Acidente enlutou quatro famílias", titulou a Tribuna a sua matéria no topo da página. 


"Carnaval violento nas estradas - 4 mortos daqui", mancheteou o semanário O Independente na capa, com fotos de estúdio de Toninho, Rubens e Djalma. 


Os folguedos de Momo sempre prometiam alegria até o raiar do novo dia. As estatísticas iam na contramão, contabilizando a tristeza de um imensurável universo de familiares das "vítimas das estradas". 

Não houve novo dia para os meninos do São Cristóvão nem para o luto de seus parentes e amigos. As operações carnavais continuam. Atualizando e comparando números. Caso típico, se neste caso a redundância se faz perdoar, de vidas que não seguem.

Agradecimentos: Marilei Rodrigues Corrêa e Vitória Accordi
Arquivo Histórico Pedro Milanez - Criciúma

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