Cabul é remake do Caçador de Pipas

Alguma dificuldade para entender o que houve no aeroporto de Cabul na semana passada? Assista ao filme O Caçador de Pipas (Kite Runner, 2007) atualmente no NOW da Claro / NET grátis. Ah, já viu? Acho que não.

O filme que você conferiu abordava um pesadelo anterior à invasão de tropas estadunidenses no vácuo do Onze de Setembro. O que você vai ver agora reprisa o retorno da barbárie 20 anos depois.

Parece a mesma coisa, mas não é. A volta do Talibã ao poder no Afeganistão e seu colossal receituário de intolerâncias remete a produção dirigida por Marc Foster a um virtual remake. Se antes lamentamos o passado, hoje choramos o presente. 

Baseado no romance de Khaled Hosseini, o filme aborda a amizade de dois meninos criados sob o mesmo teto, altercando virtudes (fraternidade, lealdade) e fraquezas (traição, ciúme). Pano de fundo, pipas multicoloridas engalfinham-se sob o céu de Cabul, agora tão cobiçado por desvalidos em fuga.

Na primeira vez que vi o filme, a memória de pandorgueiro nos verões de minha infância logo fixaram um link. Afinal, assim como bambus, fios de nylon e cola de farinha de trigo, o terror fundamentalista nada mais era que parte do passado.


Ao rever o filme neste sábado, me voltaram noticiários da invasão soviética em 1979, humilhada 10 anos depois numa preview  do que ocorreu agora com os Estados Unidos. "Este país não é gentil com invasores", afirma um personagem, elucubrando uma desconcertante fusão de história com profecia.

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