Milênios de história na paradisíaca Sicília

Natureza e termas do Etna cativam turistas

08 Novembro 2022 | Terça-feira 18h51

ESPECIAL / Marileide Guse
 
De 30 de agosto a 8 de setembro estive na Sicília para uma imersão em Constelação Gemellar. Mesmo passando a maior parte dos dias entre as paredes acolhedoras da casa centenária onde se deu o curso, nos 
momentos de intervalo ou até mesmo à noite procurei aproveitar ao máximo essa região que parece um país à parte na Itália.
 
Ao chegar no aeroporto de Catania já é possível avistar a figura imponente do vulcão Etna. Para me deslocar até Ali Terme, onde fiquei hospedada, o mais recomendado era que tivesse alugado um carro no aeroporto porque lá não há taxis, carros para alugar ou Uber.
 
Eu não sabia disso e apanhei um transfer  que me conduziu até a Sicília, considerada a maior ilha do Mediterrâneo, passando pelo estreito de Messina que a separa da Calábria. Estar ali é um transporte no tempo e na história que remonta a 3.000 anos AC, quando já era disputada por siculos e sicanos, daí o nome da ilha.
 
Nos séculos posteriores foi a vez dos fenícios e mais tarde dos gregos - aliás, segundo a mitologia, Ulisses foi o primeiro grego a visitar a Sicília. Ostrogodos, vândalos, bizantinos e muitos outros invadiriam a região, palco de lutas em 1861 de um conhecido nosso, o italiano Giuseppe Garibaldi. Com suas tropas, ocupou a ilha, reconheceu o rei Vitor Emanuel 2º e após um plebiscito a Sicília foi incorporada ao Reino da Itália.
 
Os vestígios de tantas colonizações diferentes ao longo dos séculos conferem a esta ilha um ar de magia e força como jamais imaginei sentir. Me hospedei em um B&B à beira-mar após um percurso de cerca de uma hora e meia costeando o litoral por estradas que serpenteiam a costa do alto de penhascos de onde se vê uma paisagem de tirar o fôlego.
 
Seria bom parar por ali por um tempo antes de prosseguir viagem. Se por um lado eu não tinha o carro e as facilidades que este me possibilitaria, por outro foi bem interessante quando pude contratar o serviço de dois jovens que trabalham como encanadores (o que lhes possibilitava flexibilidade para sair durante o expediente), revezando-se como motoristas,
 
Contei com eles em todos os dias que estive na ilha. Eles me apanhavam no hotel pela manhã e me deixavam no local do curso em Roccalumera, passando por Nizza de Sicilia. Retornavam ao meio-dia para o almoço, indicando sempre locais diferentes e conhecidos dos habitantes, e esperavam pra me conduzir de volta no final do dia.
 
No percurso, eu ia conversando com eles sobre os costumes, a economia e a história. Eles me explicaram a respeito das cabeças de cerâmica que tanto me intrigavam por estarem espalhadas por toda cidade, decorando casas, jardins, praças e restaurantes.
 
Segundo os motoristas sicilianos, a temperatura lá é amena mesmo no inverno e não chovia desde início do verão em maio e assim é todos os anos. A vegetação, porém,  continuava verde e limpa como se tivesse chovido no dia anterior.
 
A gastronomia tem seu ponto forte nos frutos do mar, massas e legumes e os vinhos deliciosos podem ser comprados por preços que vão desde 2 a 6 euros.

Comprei algumas garrafas de espumante e queijos, que custam pouco também, e à noite após o curso eu me sentava sobre as pedras da praia e fazia "piqueniques noturnos" ao som das músicas italianas que tocam nos Lidos, locais com estrutura para alugar cadeiras e guarda-sóis por dia ou até mesmo por semana ou mês. Ao chegar na praia, estarão lá, esperando por você.
 
Nos Lidos também há passarelas de madeira até próximo da água e assim você pode caminhar com mais facilidade nos dias de sol escaldante. Em outras vezes, eu me sentava em uma cadeira no Lido e pedia uma pizza e cerveja, que por sinal são deliciosas também, e assistia à beleza da noite.
 Nizza de Sicília
Você pode tomar banho à noite no mar de águas quentes sem ondas e durante o dia a água azul e limpa se assemelha a um espelho deitado sobre a terra refletindo o céu. Há muitos B&Bs em toda a região e é fácil notar que antigos conventos à beira-mar se tornaram hotéis concorridos nos períodos de verão.
 
Outro ponto interessante foi conhecer locais de tratamento com águas termais aquecidas pelo Etna e 
que, com suas propriedades curativas, atraem milhares de turistas do mundo todo. Fui muito bem acolhida 
nas cidades que visitei e isso se dá especialmente ao fato de eu falar fluentemente o idioma italiano, habilidade que descobri lá após tantos anos desde que concluí o curso em 2008 no extinto Ceclisc, em Criciúma.
 
Os habitantes locais adoravam conversar e demonstravam alegria quando ficavam sabendo da minha nacionalidade. Eles me ofereciam descontos e era frequente que viessem até mim nos restaurantes, oferecendo outras tantas gentilezas.
 
No último dia do curso que encerrou às 13 horas, um dos rapazes me levou a Taormina, distante cerca de 30 minutos de Roccalumera. Com suas ruas estreitas, herança do período medieval, é uma das 108 comunas de Messina e um dos lugares mais incríveis que já conheci.


No topo do Monte Tauro está situado o teatro grego do século 2º a cerca de 250 metros de altitude. Dali se vê o mar Jônico e se pode descer até a praia com o teleférico.
 
Nas praias, a areia é substituída por pedras e assim como em todas as que visitei na Sicília os 
banhistas devem recorrer ao uso de proteção para os pés. Alguns usam algo parecido com meias grossas de fio, sapatos estilo croks ou tênis.

Eu não sabia e no primeiro dia quase queimei os pés nas pedras escaldantes. Nas vezes seguintes, usei sandálias havaianas, curiosamente mais baratas lá do que aqui e disponíveis também nos supermercados.
 
Da Sicília, segui para Roma, Bologna e Veneza, completando 17 dias de viagem. Em uma próxima vez, pretendo explorar mais cada região e espero fazer isso o mais breve possível.
 
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