Flip, raro bom exemplo que ecoa para o país

28 Julho 2018 | Sábado 18h34

Carlos Stegemann *
 
Neste domingo acaba mais uma edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a 16ª Flip, que torna a pequena e encantadora cidade secular do sul fluminense território da leitura e de ativistas culturais.
 
Estive em seis edições, cinco das quais cobrindo, com matérias para o Diário Catarinense e boletins para emissoras de rádios da Rede de Notícias Acaert e para a CBN Diário.
 
Algumas experiências são inesquecíveis. Um breve diálogo com o norte-americano Gay Talese, maior nome vivo do new jornalism (Honra teu pai, A mulher do próximo, O reino e o poder etc), a entrevista com o cineasta Eduardo Coutinho (foto), diretor de Cabra Marcado para Morrer (morto tragicamente, sete meses depois), e reflexões com Milton Hatoum e Sergio Rodrigues. 


Enfim, nomes do primeiro escalão da literatura contemporânea. Entre tantas outras, a paulista Hilda Hist foi a homenageada deste ano, mas tive o privilégio de me envolver em discussões e releituras de Graciliano Ramos, Manuel Bandeira e Guimarães Rosa.
 
Em um país cuja média de leitura per capita é inferior a um livro por ano, segundo a pesquisa Retratos da Leitura, eventos como a Flip têm importância superlativa, em especial porque a crise econômica dos últimos anos os fez ainda mais escassos Brasil afora.
 
A Flip tem iniciativas (muito bem-sucedidas) de responsabilidade social em favor da leitura com a população infantil local e é sustentável. Paraty é um cenário magnífico.
 
Apesar de bancada por grandes patrocinadores e mecenas muito riscos, a Flip começou pequena e despretensiosa. É possível, portanto, que cidadãos, entidades e o poder público repitam a experiência em sua cidade e sua região.
 
* Jornalista

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