A minha cápsula do tempo

Apenas jornais... de um dia, mês e ano

27 Setembro 2022 | Terça-feira 19h17

Quando meu filho Luca nasceu na madrugada de 5 de outubro de 1990, esperei amanhecer e corri a uma banca para comprar os jornais do dia. Como jornalista, queria que ele conferisse adulto como era o mundo, o país, o estado e a cidade onde e quando desembarcou.
 
Acomodei os jornais em envelopões e guardei. Nesta semana, a poucos dias de seu 32º aniversário, deparei numa faxina com o "pacote" empoeirado por fora. Abri e só então - no vácuo das comemorações do bicentenário da Independência - me dei conta de que fizera uma cápsula do tempo.
 
Na Folha de S. Paulo, o Parlamento alemão realizara a primeira sessão "pangermânica" pós-Muro de Berlim, com deputados da extinta Alemanha Oriental e da Ocidental. A tensão no Iraque de Sadam Hussein, provocada pela invasão do Kuwait, repatriara centenas de brasileiros e o Brasil contava os votos da eleição de 3 de outubro. Maluf e Fleury se pegando em SP.
 
Vale recordar. A Constituição Federal de 1988 ressuscitara o calendário eleitoral pré-ditadura e o 3 de outubro estava de volta, cravando um feriado na quarta-feira. Um ajuste racional optou depois pelo primeiro domingo de outubro e encurtou o intervalo para o segundo turno.
 
A Notícia, O Estado e o Diário Catarinense - onde eu trabalhava - focavam a apuração com Vílson Kleinubing se distanciando de Paulo Afonso pelo governo catarinense (deu Kleinubing, Paulo Afonso 4 anos depois). Rolava mais uma Oktoberfest em Blumenau e Cacau Menezes anunciava a compra do veleiro Kalifa de 22 pés, apelidado por ele de iate e rebatizado Rapeize.




No Jornal da Manhã, as apurações no Ginásio Municipal destacavam a extraordinária votação a deputado estadual do vereador Antônio de Jesus Costa, o Costinha, quase eleito. No futebol, o presidente do Araranguá, Valério Mendes, articulava a rifa de um carro para encorpar as finanças do clube.


Ah, sim: o presidente do Brasil era Fernando Collor - cassado pela Câmara Federal dois anos depois, mas na cena política até hoje - e a ministra da Economia era Zélia de Mello, autora de um inominável "bloqueio" de contas bancárias sete meses antes.
 
Luca, eu e o Brasil? Sobrevivemos.   
 
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