O Estado somos nós!

A irreverência de Beto Stodieck que tanta falta nos faz

15 Fevereiro 2021 | Segunda-feira 08h53

Com este título e às vésperas de campanha para restaurar o que sobrara de autoestima entre colegas, o colunista Beto Stodieck postou nota e foto em 4 de abril de 1988.

"É o pessoal d'O Estado na redação - comparecendo à mesma hora a fim de tirar foto pr'uma campanha institucional que vai ao ar daqui a pouco - mostrando quem é quem às páginas gerais. 

Foi no dia em que - caso todos resolvessem sentar diante da máquina - máquinas faltariam para tantos e fraternos...

Dispensável nominá-los etecetera e tal pela quantidade, um jornal inteiro com muita qualidade." (Na foto de Cláudio Silva da Silva, o colunista está à direita com pulôver e o polegar no bolso)


Dono de um texto singular repleto de apóstrofos, Beto mesclava comentários ora satíricos ora sarcásticos. Foi brisa pura e solitária no colunismo de variedades de Santa Catarina com uma legião de leitores, fãs e seguidores. 

Na mesma coluna da nota acima, reagiu a seu modo a uma moção de repúdio da Câmara de Vereadores de Criciúma. O "post" refletia um caldo de ingredientes picantes.


Beto faleceu em agosto de 1990 sem deixar sucessor à altura de sua verve. "Era inquieto, provocador, crítico mordaz e irreverente", compartilha o jornalista, escritor e ex-colega de redação Carlos Stegemann. "Cosmopolita e um eterno amigo dos amigos."

Fundado em 1915, O Estado circulou em dias alternados até 2008 após uma longa crise financeira que o fragilizara diante da concorrência. A campanha de 88 já buscava sobrevida. 

Em sua longeva existência, porém, o Mais Antigo formou gerações de jornalistas e se constituiu numa das mais importantes escolas de jornalismo do sul do país.

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