VÍDEO: Coleta seletiva esbarra na falta de educação

05 Julho 2018 | Quinta-feira 19h25

Quando se imagina que o dia a dia de quem vive ou sobrevive de materiais reciclados anda difícil, algo pode piorar. Na noite de 18 de junho, as instalações da Ctmar, uma das duas cooperativas de catadores em Criciúma, foram destruídas por um incêndio.

"Perdemos mais de 50% do nosso potencial de reciclagem", lamenta o gerente do Fundo de Saneamento Básico de Criciúma (Funsab), Luiz Selva.
 
"Afetou demais a vida de quase 20 famílias", complementa a presidente da Fundação Ambiental de Criciúma (Famcri), Anequésselen Fortunato.
 
O município recolhe cerca de 5 mil toneladas por mês de lixo doméstico, mas recicla, ou melhor, reciclava até o incêndio apenas 100 toneladas.
 
"Cerca de 70% de todo esse lixo poderiam ser reciclados", calcula Anequésselen. "Bastaria separar corretamente em casa."
 
A sociedade tende a "invisibilizar o catador, transformando-o num sobrante humano", deplora o engenheiro agrônomo e professor do curso de Engenharia Ambiental da Unesc, Mario Guadagnin.
 
Cerca de 40 empresas e intermediários adquirem o material reciclado pelos catadores, acrescenta Guadagnin. O retorno financeiro para as famílias poderia ser maior se a separação fosse feita de modo correto em casa.
 
A administração municipal investe R$ 1,2 milhão / mês no recolhimento feito pela empresa RAC Saneamento, informa Selva. Há duas semanas, ele voltou otimista de Chapecó após conhecer as formas como é feita a coleta seletiva por lá.
 
Espremidos em meio galpão cedido pela Famcri, oito membros da Acrica (Associação Criciumense de Catadores) reivindicam autonomia.
 
"Queremos um terreno para nos instalarmos e andarmos com nossas próprias pernas", cobra o presidente Rogério Barbosa Basílio (na foto, à esquerda). "Todo mundo nos rebaixa, mas somos nós que limpamos a cidade."


Imagens do incêndio / cortesia: Mario Guadagnin