O AI-5, segundo o Jornal do Brasil
Há 56 anos, diário expôs contradições do regime
13 Dezembro 2024 | Sexta-feira 17h28

"Seja menos Zezinho e mais Andrada", provocou o deputado federal Celso Passos (MDB - MG), na tarde de 13 de dezembro de 1968. Zezinho Bonifácio (Arena - MG), o alvo da provocação, era presidente da Câmara dos Deputados e tataraneto do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.
Há 56 anos, registrou o Jornal do Brasil na previsão do tempo no dia seguinte, o país viveu uma sexta-feira 13 de "temperatura sufocante, ar irrespirável e fortes ventos". Na quinta-feira, a Câmara negara autorização ao Ministério da Justiça para processar o deputado Márcio Moreira Alves (MDB - RJ), autor de discurso considerado ofensivo às Forças Armadas.

BOICOTE E NADA DE SEXO
Três meses antes, o parlamentar havia sugerido o boicote ao Sete de Setembro e que as mulheres rechaçassem o assédio de militares enquanto perdurasse o tal estado de exceção. Pressionado, ele até se retratou, mas não adiantou. No meio da tarde daquela sexta, o general presidente Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5 lacrando o Congresso e as Assembleias. Depois, lacrou a imprensa.
Tudo o que Celso Passos queria era que o presidente da Câmara convocasse uma sessão extraordinária para denunciar o que se operava nas casernas. Mais Zezinho do que nunca, segundo o JB, o dirigente respondeu com um gesto chulo. Ergueu um dos braços e lhe deu uma "banana".
O curioso na cobertura do diário carioca foram as manifestações de deputados federais aliados ao regime militar. Vários elogiaram a maturidade e independência da Câmara ao garantir imunidade a Moreira Alves. Uma garantia efêmera. Por prudência, ele vazou do recinto tão logo a votação terminou e reapareceu dias depois asilado no Chile.
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