O Imortal Gundo Steiner

Advogado faleceu em setembro de 2003

18 Setembro 2023 | Segunda-feira 13h25

Jornal da Manhã, 24 set 2003Assim a colunista social Zuleide Fernandes titulou seu artigo de página inteira no Jornal da Manhã em 24 de setembro de 2003.

O epíteto não referenciava o ocupante da cadeira de número 12 da Academia Criciumense de Letras, falecido no dia 19. Alçava-o com justiça e justeza à infinitude da alma.
 
Aos 60 anos de idade e com um preparo físico capaz de levá-lo ao topo do  Morro Cechinel em ritmo acelerado, Gundo sucumbiu a um câncer no pâncreas.
 
Me encontrei com ele diante da Carbonífera Metropolitana um ano antes. Revelava uma aparência fragilizada pela terapia, mas estava otimista.

Perguntei - pressionando - quando ele bancaria o livro com os seus memoráveis artigos publicados entre os anos 60 e 2000 na Tribuna Criciumense e no JM. 

Dias depois, recebi 25 originais numa envelopão com um bilhete indagando quais eu recomendaria para a obra. No mesmo papel, devolvi um sucinto "todos". Me atendeu.
 
Quando "Crônicas (1965 - 2000)" foi lançado pela ACLe em 2004, fiquei contente e chateado. Alegria pelo livro. Tristeza pela responsabilidade a mim atribuída da revisão ortográfica, algo que não fizera e jamais me sentiria capacitado para fazer.

Loni Rosa no centro com seu violão. Imagem: Walmor de Oliveira / JM
 Na despedida no cemitério, o músico e cantautor Loni Rosa e seu violão puxaram um coro inconformado. "Éramos muito amigos e ele tinha bom gosto", conta Loni. "Chico, Mílton, Jobim, Gil, Caetano, Djavan... Por aí."

"Um cara de sabedoria singular, de simplicidade e humildade franciscanas sem ser chato", acrescenta o jornalista Archimedes Naspolini, companheiro de longa data e de papos quase diários. "Ele soube se impor por sua invulgar sabedoria e só teve um defeito. Foi embora muito cedo."
 
"Um irmão", resume o advogado Paulo de Moura Ferro, amigo, sócio e parceiro de causas desde o segundo semestre de 1968. "Nosso primeiro escritório foi na Rua Santo Antônio, ao lado do Cartório Aldo Luz."
 
A dupla ganharia a mídia local já no ano seguinte. "Nosso primeiro júri foi transmitido pelas rádios da cidade, Eldorado e Difusora. Conseguimos absolver o réu de um duplo homicídio, dois irmãos. Um era dono de uma lanchonete no Centro."´
 
Católico e membro da Loja Maçônica Presidente Roosevelt, onde teve o corpo velado, Gundo fez vir de Floripa para a sua última bênção o padre que celebrou o casamento com Beth Riggenbach. O casal teve Maria Fernanda e Eduardo, ele também advogado e no escritório com Paulo.
 
"Pessoas como Gundo não morrem jamais", sublinhou Zuleide em tom de sublimação ao encerrar seu artigo há 20 anos. "Entre o pranto pungindo de todos, entre cantos e violões, não lhe dissemos adeus, mas sim, obrigado, Gundo!"
 
Colaboração: Marilei Rodrigues Corrêa / Arquivo Histórico Pedro Milanez
Biblioteca Municipal de Criciúma
 
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