Riocentro: a noite que mudou o Brasil

Há 40 anos, a pá de cal no regime militar

29 Abril 2021 | Quinta-feira 18h28

A noite da virada. No início da década de 1980, o frágil processo de redemocratização patinava em atentados operados por militares e policiais inconformados com a abertura política.

Bancas de jornais incendiadas, cartas-bomba ferindo e matando - caso da  funcionária da OAB no Rio, Lydia Monteiro da Silva - e a impunidade eram manchetes.

Tudo corria a favor do Terrorismo de Estado. Até o Riocentro. Na noite de 30 de abril de 1981, um megashow juntou 20 mil pessoas e vários cantores brasileiros para celebrar o Primeiro de Maio.

Na agenda dos terroristas chapa branca, uma primeira bomba mandaria pelos ares o transformador que alimentava o sistema elétrico da arena. Na escuridão, a segunda disseminaria o pânico.

Com as saídas de emergência lacradas, o "plano" tinha tudo para dar certo, mas deu errado. A segunda bomba explodiu primeiro e no colo do sargento paraquedista do Exército, Guilherme Pereira do Rosário.

A seu lado no volante de um Ford Puma preto, o capitão Wílson Luís Chaves Machado sofreu ferimentos gravíssimos. Sobreviveu e seguiu incólume na carrreira militar.


O primeiro inquérito, elaborado pela Polícia Civil do Rio, virou peça de tragicomédia. Um segundo responsabilizou os dois militares e parou aí. Houve reaberturas em 1999 e 2014. Letra morta até hoje.


Não menos inconformada, a viúva do sargento, Suely José do Rosário, denunciou intimidações, ameaças e o insucesso de obter a indenização póstuma do marido.

"Aquilo foi a pá de cal nos atos violentos da reação", qualifica hoje o advogado Francisco Balthazar, à época militante político e fundador do Partido dos Trabalhadores. "Dali em diante, consolidou-se a abertura preconizada pelos militares de uma forma lenta, gradual e segura."

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