Clarice no Espelho
Intensa, inquieta e encantadora em escala superlativa
11 Março 2020 | Quarta-feira 10h02
Carlos Stegemann / Especial *
"... amor será dar de presente um ao outro a própria solidão?
Pois é a última coisa que se pode dar de si." (O Presente, pág. 55)
Tratar de Clarice Lispector envolve dois grandes desafios: defini-la com poucas palavras e usar as palavras certas. Todavia, como é inevitável, atrevo-me a adjetivá-la como intensa, inquieta e encantadora, sempre em escala superlativa. Ou direta, angustiante e envolvente, conforme o texto e a abordagem.
"Crônicas para Jovens - De amor e amizade" (Editora Rocco, 2010) espelha muitos dos fragmentos que compunham uma das mais expressivas autoras da língua portuguesa, em produções de seu cotidiano, sobre amigos como San Tiago Dantas, Lúcio Cardoso ou Sérgio Porto ou acerca de amor, solidão, dor, enigmas pessoais e de outrem. Textos um pouco mais longos ou breves e sentenciais afirmações.
Ora deliciosa, ora ferina, esta seleção de crônicas revela muito do perfil de uma mulher universal e acima dos clichês, que perdemos no auge de seus 57 anos. Lê-la, entre suspiros e sorrisos, também é descobrir muito de si.
* Jornalista
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