A falta que um pontinho faz

Se a diagnose passa longe de individualizações, reivindica ao menos um exemplo. No caso, a jornalista Cecília Malan, correspondente da Globo em Londres.  Dona de um texto bem elaborado e conciso, ela distribui com competência resenhas diárias do Reino Unido e da Europa a estibordo.
 
Sua fala mansa, porém, é fustigada em todas as intervenções pela ausência daquele pontinho finalístico. "Period", se me entendem. Quando aciona a quinta marcha, Cecília enjambra e esquece de colocar o pé no freio. Deixa assim ao léu quem adora boletins, flores, livros e adereços de seu espaço residencial.
 

Cautela distinta sobra ao jornalista Felipe Kieling, correspondente da Band na mesma Londres. 
 
Frase após frase, vírgulas e pontos idem, sua coloquialidade converte meros telespectadores em comparsas. Impossível não interagir, um absurdo ignorar.
 
Felipe me lembra o bem-intencionado feirante que anuncia seu melhor produto a quem busca outros. Ele sabe, no jargão antigo, vender o seu peixe.
 
Pode-se atribuir as escorregadelas de Cecília e colegas de estúdio à luminosidade do teleprompter, embora lá haja vírgulas e pontos.
 
Já Felipe aproxima as boas normas da redação jornalística a uma conduta sensata no trânsito. Respeita lombadas, faixas, placas e semáforos.
 
Belo exemplo, em outras palavras, de quem sabe usar um ponto e dar o devido nó.  

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