Milioli: um legado pouco reconhecido
22 Maio 2018 | Terça-feira 18h15
Publicado em 6 mar 18
No início de 1993, o radialista Milioli Neto acumulou a função de comentarista esportivo (futebol, sua praia) com a de coordenador de jornalismo da rádio Eldorado AM. Foi um período de grandes mudanças e transformações no segmento radial do grupo RCE.
A primeira mudança foi de endereço. As quatro emissoras locais e residuais do grupo - Eldorado AM, Hulha Negra AM e duas FMs que estavam sempre trocando de nome - desceram o Morro Cechinel instalando-se na Avenida Centenário, proximidades da Assembleia de Deus.
A principal transformação foi na Eldorado. De emissora tipicamente ondas médias do interior, incorporou o formato jornalismo total. Não era uma novidade em Porto Alegre, nem nas grandes capitais, mas era em SC. Foi a primeira emissora catarinense a aderir ao modelo "talking news".
Seguindo a tendência, nos anos seguintes o dial brasileiro abraçaria projetos semelhantes, um deles, o da CBN, replicado no estado. O legado de Mili, contudo, se fez sentir nas redondezas. Em menos de uma década, emissoras FM da região passaram a mixar informações em suas grades de entretenimento.
Eis aí um legado ignorado e até desprezado. Quando implantou o jornalismo "full time" na Eldorado em maio de 1993, Milioli fez uma opção corajosa e foi chamado de louco: colocar jornalistas no estúdio. Fui um deles, apresentando o programa Canal Cinco Sete Zero até outubro de 1995.
Mili queria que o horário se chamasse "Programa Nei Manique" para enfatizar o engajamento de jornalistas, uma tribo pouco presente nas ondas locais. Ponderei que meu ego estava na coleira em casa e que preferia que o programa valorizasse a frequência da emissora.
De colegas, nos tornamos amigos. Em 2004, Anderson de Jesus e eu começamos a apresentar um programa matinal na Transamérica FM, do empresário Evaldo Stopassoli.
Meses depois, ao saber que Milioli se desligara da Eldorado numa sexta, liguei para Evaldo. No sábado, conversamos os três. Na segunda, ele estreou no programa.
À parte virtudes e garra profissionais, uma das principais lembranças que preservarei será a de que Francisco Milioli Neto - Chico para uns, Fenemê para outros, eterno Mili para mim - soube envelhecer como poucos. A cada ano, tornou-se mais doce e afável. Adorava conversar com os jovens jornalistas.
Obrigado, novamente, companheiro. Costumo dizer que o rádio terá vida longa enquanto houver pessoas que o amem. Desconfio, porém, que não será mais o mesmo por aqui sem a tua voz.
No início de 1993, o radialista Milioli Neto acumulou a função de comentarista esportivo (futebol, sua praia) com a de coordenador de jornalismo da rádio Eldorado AM. Foi um período de grandes mudanças e transformações no segmento radial do grupo RCE.
A primeira mudança foi de endereço. As quatro emissoras locais e residuais do grupo - Eldorado AM, Hulha Negra AM e duas FMs que estavam sempre trocando de nome - desceram o Morro Cechinel instalando-se na Avenida Centenário, proximidades da Assembleia de Deus.
A principal transformação foi na Eldorado. De emissora tipicamente ondas médias do interior, incorporou o formato jornalismo total. Não era uma novidade em Porto Alegre, nem nas grandes capitais, mas era em SC. Foi a primeira emissora catarinense a aderir ao modelo "talking news".
Seguindo a tendência, nos anos seguintes o dial brasileiro abraçaria projetos semelhantes, um deles, o da CBN, replicado no estado. O legado de Mili, contudo, se fez sentir nas redondezas. Em menos de uma década, emissoras FM da região passaram a mixar informações em suas grades de entretenimento.
Eis aí um legado ignorado e até desprezado. Quando implantou o jornalismo "full time" na Eldorado em maio de 1993, Milioli fez uma opção corajosa e foi chamado de louco: colocar jornalistas no estúdio. Fui um deles, apresentando o programa Canal Cinco Sete Zero até outubro de 1995.
Mili queria que o horário se chamasse "Programa Nei Manique" para enfatizar o engajamento de jornalistas, uma tribo pouco presente nas ondas locais. Ponderei que meu ego estava na coleira em casa e que preferia que o programa valorizasse a frequência da emissora.
De colegas, nos tornamos amigos. Em 2004, Anderson de Jesus e eu começamos a apresentar um programa matinal na Transamérica FM, do empresário Evaldo Stopassoli.
Meses depois, ao saber que Milioli se desligara da Eldorado numa sexta, liguei para Evaldo. No sábado, conversamos os três. Na segunda, ele estreou no programa.
À parte virtudes e garra profissionais, uma das principais lembranças que preservarei será a de que Francisco Milioli Neto - Chico para uns, Fenemê para outros, eterno Mili para mim - soube envelhecer como poucos. A cada ano, tornou-se mais doce e afável. Adorava conversar com os jovens jornalistas.
Obrigado, novamente, companheiro. Costumo dizer que o rádio terá vida longa enquanto houver pessoas que o amem. Desconfio, porém, que não será mais o mesmo por aqui sem a tua voz.