Arroio & Morro de tantas amizades

Balneários nasceram da união de gaúchos e catarinenses

31 Janeiro 2021 | Domingo 10h48

Na década de 1960, os balneários Arroio do Silva e Morro dos Conventos, ambos em Araranguá, rivalizavam com o Rincão no sul do estado na preferência dos veranistas.

Uma distinção, contudo, se fazia cristalina. Para o Rincão, então parte de Içara, deslocavam-se famílias de Criciúma e região. No Arroio, a temporada reunia expressiva leva de gaúchos. 

Já o Morro abrigava famílias de renda mais elevada, tanto de Araranguá como de Criciúma. Ergueram-se ali os primeiros edifícios residenciais na costa do extremo sul-catarinense e um imponente Iate Clube com piscina e seleto quadro social.

As fotos aéreas de Osmar Zappelini de meados daquela década mostram um Arroio com poucas casas à beira-mar, proximidades do venerável Hotel Paulista.


No Morro dos Conventos, o cenário com requintes de urbanização destacava três massudos condomínios, contrastando com o paredão do farol.


Nativo de Araranguá e veranista no Arroio, o jornalista Adelor Lessa postou artigo nostágico nessa semana no portal 4oito resgatando a época. 

"O Arroio era uma praia que no verão a população era meio a meio entre gaúchos e 'catarinas'. Os gaúchos desciam a Serra da Rocinha e vinham de Bom Jesus, Vacaria, Passo Fundo, Flores da Cunha e Erechim", relata.

"Como eram normalmente os mesmos, gaúchos e catarinenses ficavam amigos e conviviam da melhor forma por dois meses. Isso incluía festas, música, torneios de futebol e vôlei, rodas de carteado e muita conversa."

O mesmo entrelaçamento ocorria no balneário vizinho, acrescenta Adelor. "O Morro dos Conventos também recebia gaúchos, mas de outras regiões, principalmente Porto Alegre. O clima era o mesmo. Festas, encontros, programas comuns entre amigos."

Praia sossegada e avessa às badalações do efervescente Arroio, o Morro juntou hordas de turistas em um dos maiores campings do sul do país, como lembra Adelor. Nas décadas seguintes, cresceu, diversificou-se, integrou-se.

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