Camadas históricas no Parque Centenário

Subsolo desnuda pista piritosa do antigo aeroporto

07 Junho 2020 | Domingo 11h09

Num período em que a arqueologia se vale mais do que nunca da tecnologia a laser a bordo de avões,  conhecida por Lidar, a secular escavação não abre mão de sua eficiência. A implantação de mais um canal auxiliar no Parque Centenário acaba de revelar a pista de rejeito piritoso do antigo Aeroporto Municipal Leoberto Leal, inaugurado em junho de 1957 e desativado 20 anos depois.

O material cedido pelas carboníferas em meados daquela década está menos de um metro abaixo do aterro argiloso compactado no parque entre 1979 e 1981. "Retiramos muita terra de onde é a prefeitura", lembra o engenheiro responsável pelo conjunto de obras Édio Castanhel. "A terra foi colocada nas partes baixas próximas ao lago, Monumento e Teatro."
 
Aterros com pirita eram muito utilizados na região de Criciúma, sempre sob a base de pavimentações de ruas ou para nivelar terrenos. No caso do Aeroporto Leoberto Leal, contemplou a pista "de ponta a ponta", resgata o jornalista e memorialista Archimedes Naspolini. "É provavelmente por esta razão que as árvores do Parque Centenário não prosperam."
 
Na foto clicada poucos dias após a inauguração, o advogado Ernesto Bianchini Góes (à esquerda) posa com a tripulação de uma aeronave Douglas DC-3, da Cruzeiro do Sul, comprada pela Varig em 1975. O chão escuro e pedregoso denuncia a composição.
 
Políticas ambientais puseram fim ao uso do rejeito a partir dos anos 90. Um dos últimos registros na mídia local refere-se ao descontentamento de moradores do bairro Michel. A nota na coluna de Adelor Lessa no 
Jornal da Manhã em 25 de novembro de 1989 menciona o clima de revolta pelo uso do material na Rua Mem de Sá.
 
O canal auxiliar implantado no Parque Centenário é parte da revitalização do sistema viário no bairro São Luiz. "Estamos investindo mais de R$ 32 milhões obtidos junto ao Fonplata para duplicar, pavimentar e reurbanizar três importantes vias, além de minimizar as cheias", detalha o prefeito Clésio Salvaro. Executado pela Construtora Confer, o projeto tem prazo de conclusão fixado para o final de 2022.
 
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