O crime na Monte Carlo

Duplo homicídio chocou Travessa Padre Pedro Baldoncini

27 Dezembro 2025 | Sábado 19h05

Fim de tarde, 19 de dezembro de 1968. Enquanto o país ainda digeria o AI-5, a população do Centro de Criciúma era impactada por um duplo homicídio. Às 18:45, os manos Antônio Nascimento, 24 anos, e Arcângelo, 19, sucumbiram a cinco balaços na Lanchonete Monte Carlo.
 
Antônio, um tiro, Arcângelo, quatro. Ambos conheciam J.J.F., um ex-PM conhecido por João Polícia. O mais novo não só conhecia como usufruíra por dois meses da sua residência e da cama de uma das suas filhas. O fim do relacionamento conjugal, o pivô do crime.
 
Sem justificar a ruptura, Arcângelo optara por largar a jovem numa época em que passar uma noite com um homem era sinônimo de casamento para moças no interior do Brasil. Com o irmão Antônio, ele arrendou a Monte Carlo na movimentada Travessa Padre Pedro Baldoncini.
 
O design "americano" do estabelecimento era uma novidade gastronômica na cidade. As mesas retangulares postavam-se no meio de bancos para casais. O empreendimento tinha um respaldo de peso bem ao lado, o tradicionalíssimo Restaurante Pigalle.
 
A dupla fatalidade ganhou um coadjuvante. Quando o assassino tentou recarregar o revólver, um jogador do Próspera, Leo Pires, pegou a arma e "desferiu-lhe uma coronhada na cabeça". Aos empurrões, levou o homicida à delegacia na Rua João Pessoa, atual Detran.
 
Pai de 12 filhos e filhas, João Polícia foi absolvido pelo tribunal do júri cinco meses depois - maio de 1969 - com base na "defesa da honra" da "filha deflorada". Termos reproduzidos pela Tribuna Criciumense meia década antes do emblemático feminicídio Doca Street & Ângela Diniz.
 
Outra surpresa veio em março de 1970 quando o ex-policial, agora residindo em Laguna, teve a prisão preventiva decretada por um juiz de Chapecó. Motivo: sob a farda da PM, metera bala em alguém perto da fronteira com a Argentina.





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